
Sinopse
Rio de Janeiro, 1822, logo após a proclamação da Independência. O português Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero) é um homem de bem, solícito e de boas intenções por natureza. Casou-se com Maria Teresa (Fernanda Torres), mulher classista, materialista e alpinista social confessa. Ela é apaixonada pelo marido, mas sonha com o dia em que ele vai se impor profissional e socialmente. No fundo, sente inveja da irmã que se casou com um rico industrial e pode ostentar joias e charretes. Maria Teresa é obcecada pelos modos da alta sociedade e projeta sua ansiedade e frustração na filha Catarina (Lara Tremouroux), em quem deposita esperanças de ascensão à elite carioca.
Catarina é idealista, feminista e sonhadora e deseja ser dona da própria vida em uma época em que ninguém vislumbrava essa realidade para as mulheres. Ela recusa pretendentes e se encanta com o desprendimento dos escravos e com a liberdade das cortesãs. Afeiçoou-se à francesa Dechirré (Karine Teles), dona de um brechó que vende tecidos para as senhoras distintas da corte, e, nos fundos do estabelecimento, alegres moçoilas para os maridos dessas senhoras. Catarina admira Dechirré pela liberdade feminina que ela representa, mas a francesa tenta dissuadir e afastar a garota por temer por sua reputação.
O primogênito dos Bulhosa é Geraldinho (Johnny Massaro): sem-noção, inconsequente e analfabeto, o rapazote é um amante da subversão ideológica. Ele acredita piamente em suas ideias revolucionárias, mas mal sabe cuidar do próprio nariz. Espertinho por natureza, tenta se dar bem a todo custo, mas vive se metendo em confusões ao tentar cortejar as donzelas.
Lucélia (Jéssica Ellen) e Domingos (Serjão Loroza) são escravos dos Bulhosa. Ele é trabalhadeira, dona de um senso incorruptível de justiça, compreensiva com os filhos dos patrões e prestativa com Geraldo e Maria Teresa. Sagaz, aproveita as aulas particulares dadas a Geraldinho para aprender a ler e escrever. Conformada com o sistema escravocrata, ela não repudia os senhores. Em vez disso, opta por juntar os centavos que ganha lavando roupa e vendendo cocada nas horas vagas para, um dia, comprar sua alforria e viver de acordo com sua própria vontade.
Com a Independência, Geraldo teme perder o cargo que ocupa no Paço Imperial, uma vez que nasceu em terras lusas e agora o poder está nas mãos de brasileiros. De um lado, sofre a pressão de Maria Teresa, que anseia por uma vida melhor. E de outro, precisa lidar com os novos esquemas que tomam conta do ambiente de trabalho liderados pelo colega Pacheco (Matheus Nachtergaele), que o intima a participar de tramoias escusas que envolvem os recursos públicos. Geraldo começa a se envolver passivamente em atos questionáveis, que vão desde favorecer obras públicas propostas por amigos de amigos, e conferir títulos de nobreza indevidos, até a inventar processos burocráticos intermináveis.
O patriarca dos Bulhosa, então, encontra uma nova maneira de sustentar a família e os desejos mirabolantes de Maria Teresa.
ALEXANDRE NERO – Geraldo Bulhosa
FERNANDA TORRES – Maria Teresa
LARA TREMOUROUX – Catarina
JOHNNY MASSARO – Geraldinho
JÉSSICA ELLEN – Lucélia
MATHEUS NACHTERGAELE – Pacheco
KARINE TELES – Madame Dechirré
SERJÃO LOROZA – Domingos
FLÁVIO BAURAQUI – Zé Gomes
MARCOS CARUSO – Padre Toledo
ADRIANO GARIB – Matoso
RANIERI GONZALEZ – Neiva
FELIPE ROCHA – Murilo
LETÍCIA ISNARD – Leonor
VICTOR THIRÉ – Paulo Roberto
BRUNO JABLONSKI – Juca
CÂNDIDO DAMM – Olegário
LUIZ MAGNELLI – Vasco
SAULO LARANJEIRA – Figueira
ARAMIS TRINDADE – Delorges
LIV ZIEZI – Gabardine
PAULA FRASCARI – Tafetá
EMILIANO QUEIROZ – Padre Elano
RICARDO PEREIRA – Padre Adão
DANIELA FONTAN – uma das vizinhas dos Bulhosa que conversam na janela
DIDA CAMERO – uma das vizinhas dos Bulhosa que conversam na janela
JULIANA GUIMARÃES – uma das vizinhas dos Bulhosa que conversam na janela
ISAAC BERNAT
JOSIE ANTELLO
EBER INÁCIO
SAMUEL TOLEDO
NELITO REIS
ANDRÉ DALE
MIGUEL PINHEIRO
EDUARDO MELO
TEUDA BARA – índia que prevê o futuro de Geraldinho
Filhos da Pátria acompanha a formação da essência brasileira e faz uma interpretação, com humor e crítica, de como tudo o que vivemos e passamos atualmente teve início.
“Contamos como a Independência repercutiu no povo brasileiro e como começamos a formar esse DNA de querer levar vantagem em tudo. Apesar do contexto histórico, o olhar está sobre os Bulhosa, uma família comum, anônima, que sente as mudanças provocadas por esse momento da história”, explicou o autor, Bruno Mazzeo.
Também comentou Maurício Farias, o diretor artístico:
“Muitas das questões que vivemos hoje no mundo são seculares, milenares. No Brasil, muitas questões éticas, morais, de justiça, ainda são praticamente as mesmas desde o Brasil Colônia. Em Filhos da Pátria, de uma maneira muito bem-humorada, falamos sobre problemas de hoje, que podem ter começado há 100, 150 anos.”
A cidade cenográfica reproduziu o Centro do Rio de Janeiro, com a Praça XV, o Arco do Teles, a igreja e o Paço Imperial. As ruas ganharam barraquinhas repletas de frutas penduradas. No Paço Imperial, onde Geraldo (Alexandre Nero) trabalha, há jornais, documentos, livros e carimbos confeccionados pela produção de arte. Para representar teatralmente toda burocracia que envolve o órgão, há vários documentos empilhados pelas mesas. E a equipe também confeccionou uma bolsinha em couro para o personagem usar quando recebe o dinheiro dos esquemas ilícitos.
Sobre a proposta estética da série, comentou o diretor Maurício Farias:
“Filhos da Pátria tem um sutil tom de fábula, inspirado nas gravuras de Rugendas, de Debret, nas aquarelas de Thomas Ender. A fotografia, a arte, a computação, a direção, todos trabalharam para reconstruir um Rio de Janeiro possível, ao mesmo tempo interessante na sua beleza e no seu aspecto ainda selvagem. Os Arcos da Lapa, o Pão de Açúcar, o Corcovado, o Paço Imperial, as ruas e as praias, os morros, as florestas, aparecem tratados sobre esse filtro.”
“Optamos por uma caracterização nada caricata e tentamos trazer o máximo de veracidade. Temos muita referência nas pinturas de Debret, que descreveu o dia a dia desse povo”, explicou a caracterizadora Mary Help.
Para reproduzirem o século 19, assim como a caracterização, as equipes de cenografia e produção de arte buscaram referências em Debret, mas também ousaram, com liberdade de criação e licenças poéticas, como o uso de cor no interior das casas. Na residência dos Bulhosa, a cor predominante é o azul. A produção de arte, assinada por Angela Melman, também trouxe elementos em tom de azul e meio estonado a fim de trazer vivência ao ambiente. A casa acompanha a transição econômica da família. No início, o lar é desleixado e com pouca decoração. Com o passar do tempo, Maria Teresa (Fernanda Torres) adquire objetos para enfeitar os ambientes, como castiçais e cortinas com chale, franjas e adamascados. Mas a parte estrutural continua decadente.
“Maria Teresa vai virando uma nova rica e só compra supérfluos. Ela não manda pintar a casa, consertar a infiltração. Ela só pensa nas aparências”, explicou a cenógrafa Cris de Lamare.
Filhos da Pátria estreia em 19 de setembro, mas já estava disponível no GloboPlay (plataforma on demand para assinantes), na íntegra, desde 3 de agosto.
Tema de Abertura: QUANDO O MORCEGO DOAR SANGUE – Bezerra da Silva
Para tirar meu Brasil dessa baderna (2x)
Só quando o morcego doar sangue
E o saci cruzar as pernas (2x)
Toda nossa esperança é somente lembrança do passado
A alta cúpula vive contagiada pelo micróbio da corrupção
O povo nunca tem razão, estando bom ou ruim o clima
Somente quem está por cima é a tal dívida externa
E o malandro que faz aquele empréstimo
E leva os vinte por cento dela para tirar!
Já não há alegria de noite e de dia a tristeza não pára
A vida custando os olhos da cara
E não temos dinheiro para comprar
Quem governa o país é muito feliz, não se preocupa
Tem tudo de graça, não esquenta a cuca
E o custo de vida só sabe aumentar
Antigamente governavam decente, sem sacrilégio
Hoje são indecentes, cheios de privilégio
É só caô caô pra cima do povo
Promessa de um Brasil novo
E uma política moderna
Mas só quando o morcego doar sangue…