
As Aruanas: Tainá Duarte, Taís Araújo, Débora Falabella e Leandra Leal (foto: divulgação/TV Globo)
Estreou no último dia 2, com exclusividade no Globoplay, a série Aruanas, uma coprodução Globo e Maria Farinha Filmes. A série é definida como “um thriller ambiental com propósito claro: alertar para a crise ambiental mundial e valorizar e proteger o trabalho de ativistas”. A trama mexe em uma ferida latente: a destruição de nossos recursos naturais em nome de um progresso questionável, o que impacta diretamente na vida de todos, índios, moradores de comunidades ribeirinhas ou grandes centros urbanos, pobres ou ricos.
Chama a atenção a força feminina na produção. Os ativistas são encabeçados por três mulheres, que se doam incondicionalmente e movem mundos e fundos para alcançar um objetivo comum. A série foi criada por Estela Renner e Marcos Nisti, tem direção geral de Estela Renner, com direção artística de Carlos Manga Jr.
À primeira vista, impressiona a força das imagens, tendo como principais cenários garimpos na Amazônia e uma pequena cidade à margem do rio – a fictícia Cari. A narrativa é envolvente e instigante, embasada sobretudo na força dos protagonistas, bem delineados e bem desenvolvidos por seus intérpretes, em especial as ativistas (as “aruanas” do título) Natalie (Débora Falabella), Verônica (Taís Araújo), Luiza (Leandra Leal) e Clara (Tainá Duarte), e os vilões Miguel (Luiz Carlos Vasconcelos) e Olga (Camila Pitanga).
É preciso destacar as personagens de Débora Falabella e Taís Araújo e suas interpretações irrepreensíveis. Débora mesma, é pequena só no tamanho: uma força da natureza! (resvalei na frase clichê!). Na trama, a ONG Aruana investiga uma denúncia de envolvimento de uma grande mineradora em crimes ambientais em Cari, com garimpos ilegais, devastação de floresta e massacre de uma reserva indígena.

Camila Pitanga e Luiz Carlos Vasconcelos | A menina Manuela Trigo (foto: divulgação/TV Globo)
Neste ponto, Aruanas consegue aliar o didatismo e informação – mostrando como funciona o trabalho de ambientalistas, em todas as esferas, das burocráticas às práticas – com uma excelente narrativa seriada e folhetinesca. Você fica ansioso pelo próximo episódio e os dramas são todos cativantes. Cada uma das 4 moças ativistas vive um drama pessoal diferente, o que põe em xeque os seus trabalhos na ONG. Até o vilão Miguel Kariakos, dono da mineradora, um homem com sede de poder e riqueza, tem toques humanos: ele busca desesperadamente tratamento para a neta com paralisia cerebral.
Apesar de, na coletiva de imprensa, a Globo ter desconversado quando questionada sobre a possibilidade de uma segunda temporada, a trama deixa um gancho fortíssimo. Aliás, esta é uma temática que renderia muitas temporadas.
Além das cidades de São Paulo e Brasília, a série teve locações no Amazonas, nas cidades de Manacapuru, às margens do rio Solimões, e Iranduba, na região metropolitana de Manaus. Os personagens locais da fictícia cidade de Cari foram interpretados por atores amazonenses. Para o elenco das aldeias atacadas, optou-se por atores indígenas.
Os criadores Estela Renner e Marcos Nisti vivem o ativismo há anos. Dessa experiência, criaram a produtora Maria Farinha Filmes. A série teve também a parceria técnica do Greenpeace, que treinou os atores para uma situação de risco em ação não violenta, e o apoio de cerca de 28 ONGs de atuação internacional. Aruanas foi lançada simultaneamente no Brasil e no exterior. Ainda inspirou o REP – Repercutindo Histórias, uma plataforma da Globo dedicada a espalhar depoimentos inspiradores sobre temas socialmente relevantes nas redes sociais, em vídeos de 6 ativistas da vida real.
No elenco, também Vitor Thiré, Bruno Goya, Ravel Andrade, Gustavo Falcão, Rômulo Braga, Gustavo Vaz, Rafael Primot, Samuel Assis, Bruno Padilha, Cláudio Jaborandy, Flávio Rocha, Marcos Andrade, Daniel Ribeiro, Kay Sara, Abraão Mazuruna, Luti Angeli, Luiz Serra, Isabela Catão, Sérgio Pardal, Buda Lira, Ítalo Ruy, as crianças Pedro Guilherme e Manuela Trigo, e outros.
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